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Animais apresentam maneiras individuais de compreender estímulos ambientais e, por isso, os encaram como estressores.
Muitos são os estímulos ambientais percebidos, por cães e gatos, como agressores e estes são considera – dos estressores aos animais. Estas provocações são variadas, já que as percepções de cada pet são individuais e vão desde estímulos relacionados a ruídos, como trovão e fogos de artificio, passando por mudanças de ambiente, bem como introdução de novos animais em casa e, principalmente, confinamento. De acordo com a médica-veterinária neurologista do Centro Veterinário Vet Quality (São Paulo/SP), Maria Juliana Soares Maciel, a percepção dos estímu – los estressores é realizada, inicialmente, de forma sensorial (visão, audição, tato, etc.). “Em seguida, essas informações são processadas no sistema nervoso central, que guarda esse momento desagradável na memória e coordena respostas que po – dem ser fisiológicas ou comportamentais. Nesta situação, é importante que o tutor esteja atento para reconhecer se o pet está sofrendo por estresse crônico e tentar re – lacionar com eventos recentes que possam ter desencadeado este processo”, afirma. Como citado anteriormente pela es – pecialista, os animais podem apresentar respostas fisiológicas, decorrentes de alterações neuroendócrinas, ou compor – tamentais. “Sintomas como lambedura das patas, ingestão de alimentos de forma com – pulsiva, agressividade, agitação e tendência a isolamento podem ser sinais de que o pet está passando por estresse crônico e deve ser levado a atendimento e avaliação do médico-veterinário”, explica Maria. O diagnóstico começa a se formar a partir da anamnese e, por isso, é importante o proprietário se atentar às alterações de comportamentos dos animais e identificar quais fatores podem ter desencadeado tais alterações, segundo a profissional. “Porém, a confirmação do problema se faz por meio da avaliação clínica e a exclusão de afecções estruturais e metabólicas que afetem o sistema nervoso central”, destaca. Uma vez diagnosticado, a terapia consiste na identificação de fatores ambientais, sua correção e enriquecimento, além do uso de medicações alopáticas, como ansiolíticos e terapia homeopática. “É importante, tam – bém, que o médico-veterinário identifique afecções que possam levar a dor crônica e, como consequência, sejam estímulos estressores (afecções articulares)”, insere. Maria, que é membro da Associação Brasileira de Neurologia Veterinária (ABNV, Distrito de Rubião Junior/SP), argumenta que o estresse prolongado pode desencadear alterações biológicas e comportamentais nos cães e gatos. As alterações comportamentais podem levar às atitudes compulsivas que levam à obe – sidade, dermatites e, em casos graves, até automutilação. “A agressividade e tendên – cia ao isolamento também prejudicam a interação destes pacientes com os demais membros da família, levando ao sofri – mento de todos”, menciona. As alterações fisiológicas, de acordo com a profissional, podem, a longo prazo, predispor a afecções circulatórias, metabólicas, reprodutiva, além de infecções. “Todos estes fatores juntos promovem um declínio na qualida – de de vida e bem-estar destes pacientes”. Levando em conta todas estas con – siderações, a neurologista veterinária confirma que a fisiologia do estresse existe e compreende uma série de altera – ções neuroendócrinas que resultam na secreção de substâncias que interferem em diversas funções regulatórias do orga – nismo do animal. “Quando essa secreção ocorre de forma prolongada, promove alterações circulatórias, eleva a pressão arterial, diminui a capacidade de resposta do sistema imune, deixa o paciente mais predisposto a infecções, além de causar distúrbios reprodutivos e dermatites psicogênicas”, conclui.
› Cláudia Guimarães, da redação claudia@ciausullieditores.com.br
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