Verdade ou mito? Gatos gostam da casa e não das pessoas.
A afirmação “gatos gostam da casa e não das pessoas” é comumente ouvida por quem tem gatos. E não existe, na minha opinião, mito mais irritante do que este!
As pessoas sempre comparam o comportamento dos gatos em relação aos cachorros, e aí já começa o mal entendido, pois, gatos e cães têm histórias e tempo de domesticação bem diferentes. O fóssil mais antigo de um gato doméstico – que se tem notícia até hoje – foi encontrado em 2004 por Jean-Denis Vigne e sua equipe, numa escavação no Chipre. A ossada do felino foi descoberta numa tumba juntamente com uma ossada humana datada com aproximadamente 9.500 anos. Os cães acompanham as pessoas há pelo menos 18.800 anos – segundo artigo publicado pela revista Science – que mapeou a transição entre o lobo selvagem e o cão domesticado.
De qualquer forma, não podemos considerar somente o tempo nessa questão. Apenas recentemente os gatos foram aceitos como membros da família, pois, inicialmente eram apenas tolerados pelas pessoas porque faziam gratuitamente o controle de pragas, exterminando ratos e insetos que começaram a invadir os armazéns de sementes quando o homem resolveu deixar a sua vida nômade. Os gatos não viviam dentro das casas e não eram alimentados pelas pessoas. Era apenas uma relação de ganha-ganha.
Já os cães, desde o início, colaboravam com os homens na caça e na proteção do território e passaram a receber ordens e a observar o comportamento das pessoas para agradar e ganhar a sua recompensa: o alimento!
Fora todas essas questões, os gatos parecem mesmo ter o espírito mais livre. E eles têm! Atualmente, até mesmo as espécies mais dóceis de gatos domésticos, como o persa, por exemplo, mantém sua independência.
Os gatos são muito carinhosos, amorosos e companheiros, mas preservam alguns de seus instintos selvagens. Daí grande parte da confusão das pessoas que nunca tiveram um bichano: achar que os gatos preferem o local onde moram às pessoas. Pura tolice! Por preservarem parte dos seus instintos ancestrais, os gatos precisam conhecer primeiro o território em que vivem para depois sentirem-se seguros. Eles mapeiam cada cômodo da casa, móvel, membro da família, cheiros, possíveis esconderijos… tudo como parte de seu instinto de sobrevivência. Na natureza, conhecer cada detalhe de seu território é crucial para sobreviver e, os gatos – mesmo domesticados – conservam esses instintos.
Para provar o quanto certas pessoas estão erradas, vou citar neste artigo um caso que ocorreu na Itália há alguns anos, mas que me marcou profundamente: Toldo é um gatinho de rua que foi adotado ainda recém-nascido por Iozelli Renzo, na cidade de Montagnana. Os dois eram inseparáveis, até que em 2011, Renzo faleceu. Toldo, então com 3 anos de idade, seguiu o funeral junto com a família, da casa até o cemitério, e por mais de 1 ano foi visitar o túmulo de seu melhor amigo todos os dias, inclusive deixando presentes, como: folhas, gravetos, copos de plástico, etc.
Se essa história não prova o amor verdadeiro dos gatos para quem os acolhe, não posso imaginar outra prova possível!
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